quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016


Sempre o mesmo movimento
sobre o lago de espelho

a mesma nota
de cor a volta a esmo
ao redor de si
o mesmo si
lá sol –
giro agudo
corpo extremo.
São os teus dedos
que põem a bailarina
de pé
ao som do mínimo
ruído
do talvez.


A bailarina, não vês.
Os teus sentidos só sabem
o ventre da engrenagem.
Sob a túnica, a caixa
já desliza uma falha
no compasso bate-estaca
o sangue
urgente bate
escapa
e a bailarina
roda roda
O coração,
à corda
caixa de música
contra o espelho
caixa preta
ao avesso.
E a bailarina, esticada
roda e roda
e não anseia
senão
o fundo da caixa
uma noite aveludada.
A tampa fechada.


Mônica de Aquino