Ele ainda dormia quando fixou seus olhos naquela imagem e sentiu um
restinho de saudade de abraçá-lo como antes, de encaixar-se naquele
corpo, abandonada. Foi então que ele abriu os olhos. Aqueles olhos
bêbados. Em seguida abriu um sorriso, os braços e a puxou pra perto.
Beijou sua testa, seu rosto e disse um "bom dia" preguiçoso antes de
vestir a roupa com uma expressão impune.” A gente se vê...”, disse
juntando a chave, a carteira, o celular...” Te ligo qualquer dia
desses...” fechando a porta atrás de si. Deixou-a com a frase evasiva
ecoando, costurando desfechos. Deixou uma inquietação que se pensava
superada. Agora restava recomeçar algo que parecia ter completado: teria
que recomeçar a esquecê-lo. Afundou a cabeça no travesseiro, cobriu o
rosto com o lençol e tentou retomar a consciência de que os elementos
que tinha não eram suficientes pra recompor um romance despedaçado.
Talvez apenas lhe rendesse apenas mais um desses poemas que doem.
Marla de Queiroz