domingo, 19 de novembro de 2017

Quem ama, quem vive o amor 
enquanto respiração, 
com ou sem lágrimas, 
está sempre enamorado. 
Motivos não faltam: 
o mar (se nos separa 
transforma-se 
em lágrima) 
e o grão de arroz, 
a curva de um seio ou a plástica de um falo, 
o olhar que dispara estrelas mínimas 
ou a úmida complacência de uma vagina, 
a própria imagem no espelho 
ou um ser distante, 
possivelmente já morto... 
Quem ama está sempre enamorado. 
Até à morte e até, 
por vezes, 
pela morte.

Casimiro de Brito