domingo, 26 de junho de 2016


Cuida-te, amor. Ama. 
Debruça-te e colhe a flor. 
“Carpite florem”, que se não for colhida 
por si mesma cairá. 
Sem beleza, cairá. Onda dura. 
Mais dura do que a rocha, se a não escava. 
São essas águas, tépidas e flexíveis, as do teu corpo, 
de que preciso para sobreviver; 
é o mel da tua língua, 
a flor do teu corpo, 
a carícia interior da tua concha de que preciso 
para limar e arejar e amolecer a pedra triste do meu corpo. “Tu mihi sola places."
Desejo-te tanto que me dispo 
para melhor me lembrar de ti.

Casimiro de Brito