domingo, 2 de agosto de 2015


Namora-me,
olha que o vento deixou de soprar
e que os nossos olhos
se apearam fora da estação.
Namora-me
como fazem as urzes
e as estevas,
como faz o lírio,
a oitava musical,
ou o azul
quando rouba o verde ao mar.


Há um lago,
uma noite,
uma mão esquecida da minha,
um poema,
um soluço,
um rio que aperta a foz.
Namora-me,
traz uma porção reticulada de chão,
um destino cravado de pontos cardeais,
um jardim de palavras incandescentes.
Namora-me no preâmbulo do teu amor.
Namora-me antes que me ames.

Francisco Valverde Arsénio