domingo, 22 de fevereiro de 2015


A sua cintura, que parece quebrar-se quando, deitado, a penetro — a sua cintura fascina-me não por ela mas porque parece a fronteira sutil entre dois mundos: o mundo quase vegetal do seu dorso, com os seus pequenos seios e a sua cabeça de pássaro e o mundo pletórico e animal das suas coxas e das suas nádegas e de um sexo que ainda não sei bem se é um vaso ou a terra úmida e em flor que o vaso contém. Uma nuvem e um vulcão adormecido num só corpo de mulher. Nele me deito, no inimitável travesseiro de carne, nele me elevo e repouso.

Casimiro de Brito