faço amor com as tuas palavras

domingo, 30 de novembro de 2014



Há quinze  minutos te espero
E o mundo já é outro.

Oscar Mourave
às 11:21:00
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"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo" - Carlos Drummond de Andrade

"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo" - Carlos Drummond de Andrade

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O ar, amor - este ar que eu te respiro...

O ar, amor - este ar que eu te respiro...
Recuso os sonhos que te ignoram e os desejos que não possas despertar.

Não quero fazer um gesto que não te louve, nem cuidar uma flor que não te enfeite;
não quero saudar as aves que ignorem o caminho da tua janela,
nem beber em ribeiros que não tenham acolhido o teu reflexo.

Não quero visitar países que os teus sonhos não tenham percorrido como taumaturgos vindos de fora,
nem habitar cabanas que não tenham abrigado o teu repouso.

Nada quero saber de quem te precedeu em meus dias,
nem dos seres que aí permanecem.

Rainer Maria Rilke

Atenção:

Atenção:
Não escrevo para moralistas nem para esses que obedecem aos deuses e aos criadores dos deuses e muito menos para os defensores do caminho correto. Escrevo para os mais frágeis da tribo e que, no entanto, são os únicos que sabem (ou pressentem) que não passam de pó voluptuoso, de corpos em queda livre, de anjos negros de asas cortadas, de homens e mulheres que são apenas agora, úmidos, ardentes e mais coisa nenhuma. Os outros, os que pensam que o amanhã e a morte existem, não me interessam para coisa nenhuma — são os filhos da saudade e da esperança. Só me interessam os filhos do desejo, os vagabundos do amor, esse amor que possui mil máscaras, todas elas ardendo e decompondo-se em cada momento. Escrevo para os que são portadores, no seu corpo instável, de toda a loucura do mundo.

Casimiro de Brito

Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas.

Estremeço se dizem bem.

Como todos os grandes apaixonados, gosto da delícia da perda de mim, em que o gozo da entrega se sofre inteiramente. E, assim, muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me façam festas, criança menina ao colo delas. São frases sem sentido, decorrendo mórbidas, numa fluidez de água sentida, esquecer-se de ribeiro em que as ondas se misturam e indefinem, tornando-se sempre outras, sucedendo a si mesmas. Assim as ideias, as imagens, trêmulas de expressão, passam por mim em cortejos sonoros de sedas esbatidas, onde um luar de ideia bruxuleia, malhado e confuso.

Não choro por nada que a vida traga ou leve. Há porém páginas de prosa que me têm feito chorar.

Livro do desassossego

Lê para mim

Lê para mim
Em voz alta
Enche as palavras de açúcar. acorda
Para mim
Os versos adormecidos dos poetas
Sobre o degrau em que oiço a fala do mar
Navego pelo caudal dos teus lábios
E um intenso desejo
une os nossos corpos.
Na prateada esteira das ondas
Lê
No ávido fogo dos meus olhos
O sonho de todos os poetas
Os caminhos estreitos de uma voz que nos chama
De um verso que nos sobressalta
Uma palavra de erva úmida
Que nos faz rebolar pela sombra inclinada do poema
Lê. Para mim.
Em voz alta.
Até que o amor nasça em nós.
Em mudas palavras.

alberto serra

Chamo-lhe amor

Chamo-lhe amor
Chamo-lhe amor para simplificar. Há palavras assim, que se dizem como calmantes. Palavras usadas em série para nos impedir de pensar. O que existia, existe, entre nós, é uma ciência do desaparecimento. Comecei a desaparecer no dia em que os meus olhos se afundaram nos teus. Agora que os teus olhos se fecharam sei que não voltarás a devolver-me os meus.

Inês Pedrosa, Fazes-me falta

O que te escrevo

O que te escrevo
"O que te escrevo não vem de manso, subindo aos poucos até um auge para depois ir morrendo de manso. Não: o que te escrevo é de fogo como olhos em brasa.”

Clarice Lispector



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seus olhos buscando

brincando no meu poema

nu

poema


meu dia buscando

(no ar)

sua leitura minha

do seu meu poema


meus olhos buscando

nos seus

um outro poema


Frederico Barbosa

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Não quero o primeiro beijo:
basta-me
o instante antes do beijo.
Quero-me
corpo ante o abismo,
terra no rasgão do sismo.
O lábio ardendo
entre tremor e temor,
o escurecer da luz
no desaguar dos corpos:
o amor não tem depois.
Quero o vulcão
que na terra não toca:
o beijo antes de ser boca.

- Mia Couto

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