Quem ama, quem vive o amor
enquanto respiração,
com ou sem lágrimas,
está sempre enamorado.
Motivos não faltam:
o mar (se nos separa
transforma-se
em lágrima)
e o grão de arroz,
a curva de um seio ou a plástica de um falo,
o olhar que dispara estrelas mínimas
ou a úmida complacência de uma vagina,
a própria imagem no espelho
ou um ser distante,
possivelmente já morto...
Quem ama está sempre enamorado.
Até à morte e até,
por vezes,
pela morte.
Casimiro de Brito